A falta de água, luz e internet no laboratório de pós-graduação em engenharia da UFRJ prejudica pesquisadores
A falta de recursos básicos como água, luz e internet tem afetado o trabalho de pesquisadores do Laboratório de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O grupo de pesquisadores atua no programa de planejamento energético da universidade e está tendo que trabalhar de casa para não interromper suas pesquisas.
O problema da falta de infraestrutura
O professor responsável pela pesquisa, Roberto Schaeffer, destacou que o grupo enfrenta dificuldades básicas relacionadas à infraestrutura. Embora a equipe tenha recursos para a pesquisa, não é possível resolver o problema da precariedade das condições do laboratório, como a falta de água, energia elétrica e internet. A falta de segurança no campus também é uma preocupação para os pesquisadores.
Uma solução encontrada pelo professor foi colocar os computadores caros utilizados no projeto na casa dos pesquisadores, devido a casos de enchentes e roubos de equipamentos no laboratório. Os computadores custaram entre R$20 mil e R$30 mil cada.
Diante das dificuldades de infraestrutura, a opção de trabalhar em casa tem permitido que as pesquisas avancem. O grupo de pesquisa liderado pelo professor Schaeffer atua na área de energia e mudanças climáticas.
Redução no orçamento das instituições federais
Nos últimos anos, as instituições federais têm enfrentado um enxugamento no orçamento. De acordo com um estudo realizado pelo Observatório do Conhecimento, houve uma redução de R$117 bilhões nos últimos dez anos. O orçamento previsto para o próximo ano preocupa a comunidade acadêmica, pois representa apenas metade do valor de 2014, totalizando R$19 bilhões.
A reportagem procurou o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em busca de respostas, mas não obteve retorno.
Perda de pesquisadores capacitados
O professor Roberto Schaeffer destacou ainda a perda de pesquisadores capacitados, que acabam conseguindo emprego em outros locais devido às poucas oportunidades de trabalho oferecidas pela área acadêmica em termos de salários e benefícios. Segundo ele, é necessário investimento em dinheiro e recursos para solucionar esses problemas.
O orçamento pago pelo Executivo tem diminuído, enquanto as emendas parlamentares às universidades têm aumentado. Segundo o Observatório do Conhecimento, em 2014 as emendas representavam menos de 0,5% do total do orçamento, mas em 2023 esse valor chegou a 4,23%. O montante em emendas saiu de R$167 milhões em 2014 para R$850 milhões neste ano.
Letícia Inácio, economista e pós-graduanda da UFRJ, explicou que para conseguir uma emenda, os gestores das instituições precisam elaborar projetos e ter articulação política em Brasília, o que nem sempre é possível. A diminuição do orçamento aumenta a fragilidade das instituições que geram conhecimento.
Em suma, a falta de recursos básicos e a redução no orçamento têm impactado negativamente a pesquisa e o trabalho dos pesquisadores do Laboratório de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ. É necessário investimento em infraestrutura e recursos para garantir o avanço das pesquisas e a retenção de pesquisadores capacitados no meio acadêmico.
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